13.6.12

Nos países onde há legislação própria, produzem-se mais filmes

Ana Glogowski

Os países onde há legislação própria sobre cinema “são países onde se produzem mais filmes”, afirmou a diretora do festival Doclisboa, Ana Glogowski, reconhecendo que a ausência de uma lei em Portugal representa uma “dificuldade enorme” para realizadores e produtores.

Em entrevista à agência Lusa a propósito da nona edição do Doclisboa, que começa na quinta-feira, Ana Glogowski baseia-se na sua experiência profissional, sobretudo em França, para sustentar que “todos os países onde há legislação são países onde se produzem mais filmes”.

França, que tem “uma legislação firme” sobre cinema, “é um dos países onde se fazem mais filmes com ajudas do Estado e todo um sistema de outras ajudas”, exemplifica, acreditando que a lei “tem favorecido a produção e a criação”.

O Brasil, país de origem de Ana Glogowski, inspirou-se na legislação francesa e hoje “existe todo um sistema de captação de recursos e o cinema brasileiro levantou voo”.

A ausência de um quadro regulamentar em Portugal (em discussão há anos) tem implicado “uma dificuldade enorme para os realizadores poderem fazer filmes e para os produtores poderem produzir filmes”, realça.

“Uma lei do cinema só pode ser positiva” e “favorável à existência de um cinema nacional”, defende a diretora do Doclisboa, acrescentando que na sua criação devem estar “as relações de força entre todas as entidades” envolvidas no cinema: Estado, sindicatos, associações, televisões.

Já sobre a possibilidade de passar a haver “uma relação direta entre o número de entradas para o cinema e a distribuição de dinheiro”, que chegou a ser referida pela Secretaria de Estado da Cultura, Ana Glogowski considera o plano “um pouco prematuro”.

Reconhecendo que a bilheteira e o sucesso comercial são elementos importantes, a diretora do Doclisboa afirma que “é muito difícil, quando há tão poucos filmes e não há uma política de promoção sistemática das obras dos cineastas portugueses, determinar de antemão que os subsídios vão estar diretamente ligados a um número de entradas”.

E propõe: “Tem que se impor primeiro uma política de distribuição e difusão”.

A atual tutela da Cultura está a preparar nova legislação para a área do cinema.

http://www.destak.pt/artigo/108749-nos-paises-onde-ha-legislacao-propria-produzem-se-mais-filmes