Tobis
O conselho de administração da produtora de cinema Tobis anunciou hoje aos trabalhadores que está demissionária, disse à agência Lusa o delegado sindical, Tiago Silva.
De acordo com a mesma fonte, o conselho de administração da Tobis comunicou que pediu a demissão em agosto e que se mantém interinamente à frente da produtora até 21 de outubro, dia em que se realizará a assembleia-geral dos acionistas para eleger novos corpos sociais.
"Era um passo que já prevíamos e a decisão é uma forma de agilizar o processo de resolução do problema", disse o representante dos trabalhadores.
Em causa está o processo de alienação da mais antiga produtora portuguesa de cinema.
Atualmente no conselho de administração da Tobis estão Fátima Vinagre, presidente, e Pedro Homem de Melo, vice-presidente.
Com 96,4 por cento de capital do Estado, a Tobis, fundada há quase 80 anos, conta atualmente com 53 trabalhadores, depois de mais de uma dezena ter abandonado a empresa em 2009 e 2010.
A regularidade do pagamento de salários tem vindo a ser assegurada pelo Governo.
Em julho de 2010, o presidente do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) anunciou que o Governo pretendia alienar o capital público da empresa e, em fevereiro deste ano, o antigo Ministério da Cultura abriu um concurso público destinado a esse fim.
Até ao momento, só uma empresa - a Filmeform, de António Cunha Telles - se propôs comprar a Tobis, mas sem êxito.
"O Estado está há tanto tempo em conversações com uma suposta entidade secreta e não tem havido qualquer solução, e por isso estranhamos", sustentou Tiago Silva, referindo que o caso está a ser gerido pelo ICA, pela Secretaria de Estado da Cultura (SEC) e pelo Ministério das Finanças.
Os trabalhadores da Tobis vão convocar um plenário para a próxima semana para decidir o que fazer perante a demissão da administração.
Ainda antes de saberem desta decisão, os funcionários já tinham anunciado a realização de uma greve, a 15 de novembro, com manifestações frente à Secretaria de Estado da Cultura e do ICA.
No passado dia 23 de setembro, a Secretaria de Estado da Cultura assegurou que receberá os trabalhadores da Tobis no "momento indicado", quando estiver estabelecido "o cenário que melhor salvaguardar" o seu futuro.
Em 2010, e segundo dados oficiais, a dívida acumulada da produtora rondava os 5,6 milhões de euros.
http://www.destak.pt/artigo/107847-conselho-de-administracao-apresentou-demissao
